Além de ser o debate mais enorme de 3 décadas, a moção de censura se tornou uma revalidação do mandato do presidente. Em 1957, o senador norte-americano Strom Thurmond discurseó durante 24h e 18 minutos, em defesa dos direitos civis.
Sem parar para nada. Sessenta anos depois, Irene Monteiro subiu à tribuna do Congresso pra apresentar a moção de censura Podemos contra Mariano Rajoy, e nós tememos o pior. A porta-voz Podemos poderia ter começado comentando aquilo de García Márquez, “eu não vim relatar um discurso”, contudo preferiu dirigir-se pro grão.
Gastou duas horas e um pacote de folhas. Se não segue ainda lá gritando “saque!” é por causa de tinha que deixar um tanto de tempo para o candidato, Pablo Iglesias. Se eternizó Montero em quinze blocos coroados por quinze “que humilhação!”. Ao Pablo Iglesias teve que sair do Chão para fazer uma rápido paragem nas boxes.
Começou com uma garra devastadora, mas acabou engollipada. Seus melhores momentos foram os mais tateáveis, como quando recitou a longa ladainha de casos de corrupção do PP, sempre que Rajoy ampliar tua característico ‘manspreading’, que consiste em abrir muito de uma perna, em direção ao corredor.
Na bancada socialista, as faces de pasmo não refletiam tal o mal gole de não votar contra Rajoy como a aflição de quem descobriam que a moção ia pra extenso. Se o discurso rápido, o de Montero, estava durando mais do que um jogo de “fúbol” (sic de Rajoy), o de Igrejas se prometeu um ‘remake’ rapeado de ‘o vento levou’.
- Série documental a que pertence
- Virgílio Olha
- 4 A sessão parlamentar de 16 de junho de 1936
- 2 da nobreza
Eram as onze e ainda andávamos nas apresentações. Por acaso, o ar condicionado funcionava perfeitamente. Por todo o Hemiciclo seus deputados deslizando o dedo de cima pra nanico pela tela de seus celulares, atualizando o Twitter compulsivamente.
As taquígrafas estiraban as mãos e ergueu os dedos. O presidente da câmara de lisboa jogava Candy Crush. O deputado do PP Ramón Aguirre se repachingaba em dois lugares. O Hemiciclo é contagiaba de um tédio agosteño. Méndez de Vigo alternava 2 livros (‘Cervantes e o enquadramento jurídico O Quixote’ e ‘nós Precisamos pronunciar-se de muitas coisas’, de Miguel Hernandez). Com os óculos a média nariz e o smartphone conectado na mão, passava uma folha a cada 15 segundos. Multitarefa, chamá-lo agora.
Tudo o oposto que o socialista José Luis Ábalos, que olhava para o permanente, quem sabe pensando no bem que fez ao refutar a portavocía do PSOE, ou maldiciéndose por continuar a ser porta-voz provisória durante o resto da semana. O Hemiciclo se esvaziava lentamente quando Irene Montero surpreendeu com um anúncio: “Estou terminando”. Ouviu-Se um “ooooh”.