O Inimigo Número Um

Quando A VANGUARDA foi impresso pela primeira vez pela Catalunha, em 1881, as economias mais avançadas do capitalismo industrial iniciavam uma fase de concentração da riqueza em mãos dos titãs de outras indústrias. Na Europa, as grandes dinastias da alta burguesia, desde os Krupp até os Goldsmith, consolidaram seu domínio em que o economista Thomas Piketty qualifica de capitalismo hiperpatrimonial no seu, agora célebre livro O capital no século XXI. Nos EUA, a potência emergente, magnatas como Rockefeller (petróleo), Carnegie (aço), Morgan (finanças), Stanford (caminhos de ferro), haviam adquirido um poder industrial sem rival em tempos de extrema desigualdade em que Mark Twain chamou a gilded age (idade de ouro).

O presidente Theodor Roosevelt -ante pressão de um levantisco movimento populista de esquerda em estados como Kansas e Dakota – legislou com o encerramento de moderar o poder esmagador dos oligarcas. Mas a era da extrema diferença retomou a sua marcha, depois da Primeira Guerra Mundial.

A gilded age deu passagem para os roaring twenties nos anos vinte -“a orgia mais cara da história”, como os definiu Scott Fitzgerald, autor de O amplo Gatsby-. Só que qualquer coisa estava incorreto. Talvez os homens de negócios que o sabiam, porém não fizeram nada para remediar a circunstância, contudo que investiram tua fortuna em atividades financeiras especulativas que se somaram aos dificuldades de acumulação. Até que a queda da bolsa de 29, a Grande Depressão, forçou o Estado a agir para impossibilitar a autodestruição do sistema.

Keynes formulou um novo paradigma econômico caracterizado pela redistribuição por meio de impostos progressivos, a gestão estatal da demanda e a criação de emprego com o Estado. Roosevelt colocou o plano em prática o new deal, e a economia de disputa da Segunda Guerra Mundial ajudou a desmantelar as oligarquias e a conter drasticamente os níveis de diferença. Em todo o tempo do pós-luta até a década de 70, a desigualdade se manteve em níveis muito abaixo dos anteriores. Contra a lógica de todas as teorias do liberalismo econômico, intervenção keynesiana coincidiu com o progresso robusto e a expansão do emprego mais rápida da história tal nos estados unidos

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  • 1 A conquista da Lombardia
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Por que esse grande preâmbulo histórico? Porque a história se repete em um estágio de desigualdade tão extrema como naqueles roaring twenties de Scott essa disputa só ocorre e a gilded age de Mark Twain. De acordo com o indicador denominado como o coeficiente de Gini, a desigualdade tem vindo a subir entre os anos 80 e começo dos 2000, depois de baixar no decorrer das décadas anteriores.

O percentual do PIB correspondente a rendimentos de capital face aos salários aumentou de 22% a 25%, desde os anos setenta nos EUA, e de 22% pra 29% na Alemanha. Semelhantes aumentos da diferença jamais se haviam registado.

Este processo foi mais suave na Europa -entre três e 4 pontos-. Mesmo existir países, como a Espanha, que conseguiu reduzir o coeficiente de Gini, entre 1980 e 2009. Mas, desde a recessão do 2009-13 o aumento da desigualdade em muitos países europeus vem sendo mais acentuado.

O Gini subiu três pontos em somente 2 anos na Espanha, o que tornou a sociedade espanhola, a mais desigual da zona do euro. Mais até do que a da Grécia, cuja elite não se pôde defender do choque da eurocrisis com a mesma destreza que a espanhola, conforme se poderá apurar no livro Inequality, what can be done?